Ecosapiência

Reflexões contemporâneas

Engenharia subterrânea

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Sempre tive um grande interesse pela engenharia subterrânea. Construir túneis sob as cidades e seus prédios, parques, viadutos… Como será que nada disso vem abaixo depois de coisas assim? Me encanta imaginar a existência de uma engenharia subterrânea que conseguisse construir túneis sob nossas almas, ou qualquer projeto que o valha, sem que milhões de sentimentos pudessem vir abaixo.

Se dominássemos essa ciência, poderíamos construir estações em cada um dos quatro cantos da alma, conectando as incertezas e facilitando o deslocamento e o encontro de funcionários sutis e reservados, gentis e degenerados, loucos e engraçados. Construiríamos então praças bem embaixo das nossas almas e as árvores nascidas ali produziriam frutos alucinógenos que nos lembrariam uma realidade qualquer, dessas que se vê na rua. Sobraria algum tempo para o trabalho de arqueólogos subterrâneos, que aproveitariam essa imensa rede de túneis e praças submersas para buscar por antigas relíquias. Antigos adereços coloridos que poderiam ser chamados de sonhos ou qualquer outra coisa. Seria então aberto um museu subterrâneo, onde os novos eus pudessem questionar o passado e seu tempo já passado. Naquele momento, tudo estaria correndo normalmente por entre os túneis, praças e museus subterrâneos. Nenhuma imperfeição viria abaixo. Seríamos os mesmos, com mil buracos abaixo.

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11 de abril de 2012 at 01:52

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Serra do Cipó

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Enfim uma pequena viagem a trabalho para a Serra do Cipó. Chegou a hora de encontrar novamente meu objeto de pesquisas. Dar um oi e me despedir antes da defesa da tese de doutorado, que se aproxima. Espero que os campos rupestres e toda a sua circularidade me ajudem a equilibrar a sopa e terminar algo que tem me tirado o sono… Quero ver com meus olhos e buscar a inspiração para terminar essa etapa. De agora em diante espero atualizar mais este espaço – puxei o aplicativo wordpress para smartphones e pretendo escrever por aqui, onde quer que eu esteja. Até!

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23 de janeiro de 2012 at 12:47

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O rato

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Primeira gravura de 2011.

"O rato" (carvão sobre papel 210mm x 297mm)

Creative Commons License
“O Rato” by Newton P. U. Barbosa is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.

Written by newtonulhoa

28 de janeiro de 2011 at 16:01

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Autoretrato IX

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Então você se perde
Nas tragédias anunciadas
Nas desculpas idiotas

Nas mentiras do noticiário
Se comove, mas nunca chora
Acorda e simplesmente ignora

O sol que esquenta lá fora
O mar que se molha por dentro
Então você se perde.

Nas coisas pequenas da vida
Nas entrelinhas das esquinas.

Written by newtonulhoa

28 de janeiro de 2011 at 15:56

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A chegada dos Europeus – parte I, entre espíritos e Ecologia

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O que é Edmonton?

A milênios atrás a região do rio Saskatchewan do Norte já era habitada por povos indígenas que cruzavam o vale do rio para caçar e pescar. Na região de Edmonton o povo mais influente eram os “Blackfoot” ou Pés Negros. Os Blackfoot se reúnem em torno de uma confederação chamada “Niitsítapi”, que significa “o povo original”. Suas terras iam desde o rio Saskatchewan do Norte até o vale do rio Yellowstone, nos Estados Unidos. Eram guerreiros. Fortes. Muitas reservas indígenas podem ser encontradas em Alberta e Montana. Os Blackfoots ainda realizam as misteriosas e maravilhosas cerimônias nativas americanas, cercadas de espíritos, plantas e esperanças.

"Bear Bull"

Mais ao norte, se aproximando do círculo polar ártico e dos ursos polares, encontramos os Inuit. São os povos esquimós. Bonitos, introspectos, reféns da natureza gélida.

Jovem Inuit

Entretanto um dia qualquer chegaram os Europeus. Com seu deus domesticado, suas cruzes, suas roupas estranhas, suas comidas horríveis (com todo o respeito, a culinária inglesa é vergonhosa), sua moral e sua ganância. Primeiro trocaram alguns bens, fizeram comércio com os nativos.

Encontro entre colonos e nativos no lago Athabasca, Alberta, 1893. Fonte: Canada Archives

Comerciante de peles de Alberta, ~1890. Fonte: Wikipedia

O comércio de peles foi um negócio importante para os colonos de Alberta. Por incrível que pareça foi importante para a ciência da Ecologia. Uma das mais antigas corporações do planeta em atividade, a “Hudson Bay Company”, fundada em 1670, era quem dominava o comércio de peles na América do Norte. Em 1937, um pesquisador chamado Duncan Alexander Mac Lulich, publicou um artigo científico intitulado “Fluctuations in the numbers of varying hare (Lepus americanus)”, um estudo sobre a flutuação no número de indivíduos nas populações de lebre no Canada. Ele utilizou dados de caça de peles de lebre da Hudson Bay Company. Este trabalho ajudou a consolidar a famosa equação de Lotka e Volterra, ou predador-presa, indispensável no estudo de Ecologia.

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28 de janeiro de 2011 at 02:17

Depósito de neve de Edmonton

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Eu tenho falado muito sobre a enorme quantidade de neve que caiu aqui em Edmonton em janeiro. A cidade amanheceu, a alguns dias atrás, com quase um metro de neve nas ruas! Mas para onde vai esta neve toda? Só em janeiro, a prefeitura já coletou mais de um milhão de metros cúbicos de neve das ruas. Em um inverno normal, segundo matéria do Edmonton Journal, os tratores removem cerca de 800.000 metros cúbicos de neve. A cidade conta com 5 depósitos, mas eles estão praticamente lotados. No brasil sempre ouvimos falar sobre os problemas dos aterros sanitários com limite excedido. Aqui os ultrapassados são os depósitos de neve.

Como a prefeitura também joga areia nas ruas (como eu já disse, para aumentar o atrito e prevenir acidentes), a neve coletada vai para os depósitos cheia de areia. Quando a primavera chega e a neve derrete, a areia fica e é reciclada para o próximo inverno. Uma operação gélida. Tentei colar um vídeo do jornal de Edmonton aqui, mas ele não cola de jeito nenhum. Os únicos vídeos que entram aqui são do youtube, não sei porque. Vocês podem ver um vídeo que mostra os depósitos de neve de Edmonton clicando aqui.

Written by newtonulhoa

25 de janeiro de 2011 at 14:40

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Sinais de primavera

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Ainda estamos longe da primavera. A primavera boreal, aqui no norte. Faltam cerca de 2 meses de inverno ainda. Entretanto, os dias têm ficado mais longos e o frio tem diminuido consideravelmente nas últimas semanas. O inverno boreal, aqui no topo da América do Norte, não é fácil. É frio, muito frio – alguns dias com temperaturas de quase -30c. Por sorte, não pegamos -40c este ano (ainda pode vir… será que ainda vem?). O fato é que o pior do inverno, estatisticamente, já passou. Mas estatística é como religião. Não devemos acreditar em tudo que ela diz. Desta forma vamos observando, ressabiados, toda essa transformação.

Vim aqui pra falar do final de semana que passou. Foi maravilhoso! Céu azul, temperatura quente (chegou a fazer 5c positivos!), neve derretendo, pássaros cantando… e uma coisa incrível: voltei a sentir o cheiro da cidade. Cheiro de folhas em decomposição, cheiro de terra, cheiro de vida. Eu não tinha percebido até então, mas durante as semanas gélidas que passaram, os cheiros das coisas tinham sumido. Não sei para onde tinham ido, ou se tinham se escondido, o que acontece é que eles somem. Não dá pra dizer o que é a sensação de um dia de sol depois de dias de neve, céu nublado e temperaturas abaixo de -20c. É um verdadeiro renascer de esperanças {risos}. Me senti muito próximo dos muitos “magpies” (Pica hudsonia) que voavam embriagados pelos raios de sol.

É uma delícia ver a neve derretendo, a vida se levantando sem pedir licença. Ver água em estado líquido! Como a quantidade de neve acumulada este ano tem sido record, tem muita neve nas ruas… o bom tempo dos últimos dias não derreteu nem 10% dela. Ainda tem muita neve por ai. Mas o pouco que derreteu já foi capaz de se transformar em poças de água misturadas com areia (usada para aumentar o atrito da neve para os carros) nas ruas. Uma meleca. Mas tudo bem, isso não é um problema. Essa semana esperamos temperaturas gélidas novamente, perto dos -20c. E as poças vão virar gelo novamente. É a democracia da vida.

Written by newtonulhoa

24 de janeiro de 2011 at 16:58

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A vocês (Maiakóvsky)

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Vocês que vão de orgia em orgia,
vocês Que têm mornos bidês e W.C.s,
Não se envergonham ao ler os noticiários
Sobre a cruz de São Jorge nos diários?

Sabem vocês, inúteis, diletantes
Que só pensam encher a pança e o cofre,
Que talvez uma bomba neste instante
Arranca as pernas ao tenente Pietrov?…

E se ele, conduzido ao matadouro,
Pudesse vislumbrar, banhado em sangue,
Como vocês, lábios untados de gordura,
Lúbricos trauteiam Sievieriânin!

Vocês, gozadores de fêmeas e de pratos,
Dar a vida por suas bacanais?
Mil vezes antes no bar às putas
Ficar servindo suco de ananás.

1915 (tradução de Augusto de Campos)

Written by newtonulhoa

6 de outubro de 2010 at 18:03

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Deu na Nature News

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Screenshot do site da Nature News (clique na imagem para ir para lá)

A Nature, uma das mais conceituadas revistas científicas do mundo, publicou ontem, através do seu hotsite de notícias – Nature News, um artigo que não poupa elogios aos 8 anos de governo Lula. Segundo a reportagem, nunca a ciência recebeu tantos incentivos no Brasil quanto nos últimos anos. Um paradoxo, pois durante os anos FHC, que é um acadêmico respeitado, as universidades públicas minguaram e as bolsas de doutorado e mestrado praticamente não receberam correções. E foi durante o governo de um “semi-analfabeto”, como dizem alguns, que a coisa mudou. Caetano Veloso, com suas músicas que eu amo (e gosto mesmo das músicas dele, mesmo achando ele um porre de chato), nunca faria isso pela ciência. Afinal ciência pra ele é alquimia.

A porcentagem do PIB aplicado à ciência teve um crescimento exponencial a partir de 2003, como vocês podem ver no gráfico abaixo.

Porcentagem do PIB aplicado à Ciência entre 2003 e 2008

As pessoas me perguntam: “Porque você gosta do Lula?”. Não estou cego aos vários casos de corrupção que existem por ai. Mas puxar o tapete do PT agora seria uma covardia. São muitos os bons exemplos desse governo e se colocarmos a administração tucana e a petista numa balança, eu que sou um jovem cientista, fico com o PT. Minhas lágrimas naquela tarde chuvosa de Brasília no primeiro dia de 2003 não foram em vão.

Written by newtonulhoa

30 de setembro de 2010 at 23:12

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Hot-dogs & Circo: quando as folhas caem

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Os últimos 3 dias foram dias lindos. Inacreditavelmente quentes, chegando a 25 graus! E o mais estranho: em apenas 4 ou 5 dias a maioria das árvores que estavam verdes se transformaram em árvores amarelas e vermelhas. E hoje, com a chuva, a maioria das folhas foram ao chão. É o prenúncio do frio.

Folhas e mais folhas por toda a cidade. Dizem que depois que todas caem, a cidade é tomada por um mal cheiro resultante da decomposição das folhas. Imaginem que todas as folhas, de todas as árvores da cidade, caem.

É o clássico outono. Preciso tirar fotos das árvores amarelas e vermelhas para colocar aqui. O river valley fica maravilhoso com todos esses tons de vermelho e amarelo.

Bom, aproveitando o bom tempo do final de semana e o fato do Geraldinho e o Mário (pesquisadores brasileiros, o primeiro meu orientador no Brasil, o segundo professor na Unimontes) estarem aqui em Edmonton, fomos a um jogo de Hockey com o Cassidy e o Paul (ambos estiveram no Brasil através do Tropi-Dry).

É um jogo violento. As brigas que acontecem dentro do campo são verdadeiros combates, com socos, chutes, golpes de karatê e sangue. Sangue no gelo branco. E as pessoas deliram com as pelejas. O jogo pára o tempo inteiro. Comerciais, música, belas moças com grandes rodos entram para limpar o gelo, patinando. Pequenos veículos entram jogando água e fortalecendo o gelo. Entram novamente os combatentes, com armaduras, tacos e patins afiados como faca. Muitos jogadores perdem dedos e ganham cicatrizes por conta deles.

Luzes!

São quatro tempos de 20 minutos. Mas como o jogo para o tempo todo, dura mais de duas horas. A cada intervalo centenas de pessoas se dirigiam aos corredores para comprar comida, muita comida. São 4 ou 5 andares com muitas lanchonetes e tendas que vendem apenas cerveja. Cerveja aliás, cara. Oito dólares um copão de 500ml de Canadian quente. Um cachorro quente tradicional (pão e salsicha apenas) mais 4 dólares. Bom, pelo menos vende cerveja. Quem me dera se pudéssemos beber uma cervejinha (gelada a 2 reais) e comer um tropeirão no Mineirão (bom, esse pode, mas sem a cerveja).

Briga!

Esses dois brigaram por uns 2 minutos e o público delirou!

O time de Edmonton, os “Oilers” (referência ao petróleo da região: dizem que essa região tem mais petróleo que a Arábia Saudita!) ganhou de 8 a 2 do time de Vancouver (Vancouver Canucks). Um placar inacreditável para todos, que achavam que os Oilers iriam perder, pois no último campeonato terminaram em último. O Paul fez uma ótima comparação – os Oilers são como o Galo, com uma grande torcida e uma história gloriosa, mas com poucos resultados hoje em dia.

Antes de ir embora ganhei uma touca dos Oilers. Uma boa touquinha que poderei usar no inverno 😛

Abraços!

Written by newtonulhoa

28 de setembro de 2010 at 17:57

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